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A Casa

A Casa de Gigante (nove quartos, seis salas, uma varanda para o nada) é um imóvel do início do séc. XX, morada familiar de Maria Farinha Nogueira (1904-1983) e Manuel Joaquim Nogueira (1894-1965) – de alcunha Gigantes, mercadores e industriais da resina – e de seus filhos: Constantino (1926-2014), Maria (1927-2019), João (1929), Manuel (1934-2016), Ilda (1936) e Fernanda (1938). Hoje, é poiso de poetas e de toda a sorte de artistas, que nela encontram um espaço de lazer, de trabalho e de encontro, afastado dos grandes aglomerados urbanos. Situa-se no lugar de Vale do Pereiro, Várzea dos Cavaleiros, Sertã. As criaturas que nela fazem assento e prática são quem ao mesmo tempo a recupera e adequa à nova função. Desde 2016 que a Casa é a sede da Associação Cultural Mandriões no Vale Fértil, entidade privada de interesse público, sem fins lucrativos, e que tem um intento cultural, artístico, educativo e social.

A Associação

Criada em 2016 por Catarina Barros e Miguel Manso, migrados desde Lisboa, a Associação tem vindo a desenvolver um trabalho cultural diversificado, com o qual tem pretendido contribuir para o desenvolvimento do território em que se insere. Recebeu já dezenas de artistas, portugueses e estrangeiros, em criação (escritores, cineastas, actores e dramaturgos, músicos, artistas visuais), organizou exposições e projecções de filmes, criou programas sobre poesia na rádio local, produziu concertos, leituras e recitais, obras cinematográficas, tudo isto a solo ou em colaboração com entidades locais ou municípios da região, entre os quais o da Sertã e o de Vila Velha de Ródão.

A Casa de Gigante
– Associação Cultural Mandriões no Vale Fértil quer intensificar a sua acção nos termos em que tem vindo a actuar e, para o efeito, tem levado a cabo um conjunto de procedimentos que visam adaptar todo edifício e anexos para o acolhimento de artistas, espaços de trabalho qualificados, galeria, sala de exposições, de cinema, de reuniões, auditório, café. A par disso, busca desenvolver parcerias, integrar redes regionais, nacionais e internacionais, desenvolver protocolos e captar apoios e financiamento, privados e estatais.

Voz Interior

VOZ INTERIOR – PROGRAMAÇÃO CULTURAL NAS ALDEIAS DA SERTÃ é o projecto de programação que esta associação desenvolveu para esta região. Responde a uma necessidade de luta pela sobrevivência: a de um território desprezado, a de uma paisagem maculada pelo flagelo da monocultura e dos incêndios, a de uma população a quem tem sido oferecida uma contínua e agravada insularidade, resultado de sucessivos erros e descasos na gestão do território como um todo. A contas com esta profunda ‘interioridade’ e com uma política cultural deficitária, nos propusemos pensar num projecto que nascesse do lugar, criado a partir dele e para ele, mas que o colocasse em relação com o longínquo, o diverso e o desigual – aproximando, estimulando a identificação e adequando intensidades e escalas. Pensando o território a partir de dentro, ocorreu-nos questionar o conceito de descentralização. Verificou-se facilmente que a crescente injecção de programação cultural nos territórios de baixa densidade, como é o caso deste, demonstra ser improdutiva para o conjunto da população periférica aos centros onde há maior densidade demográfica. A nossa experiência diz-nos que estas populações – que não se deslocam facilmente a esses locais para se colocarem em contacto com o que não conhecem – beneficiariam enormemente se pudessem ter acesso a propostas, expressões e estéticas por ventura incomuns, mas que, bem mediadas, teriam a capacidade de acrescentar-se e enriquecer as suas vivências. A experiência de trabalhar nestes lugares e nesta escala, a observação que fazemos da gestão do território – nas suas diversas componentes: ecológica, económica, humana, cultural – fez-nos compreender que, para se enfrentar o abandono, aqui entendido como elemento entrópico, é necessário – mais que ocupar, habitar, introduzir ou injectar – criar ligações entre partes, reagrupar o que andaria solto, organizar-se em pequenos colectivos, congregar esforços, colaborar, ouvir, sentir, pensar juntos. Enfim: práxis. E para que isso aconteça, na escala em que estamos, é necessário pôr em acto o que chamamos de “descentralização radical”. Sendo que o conceito ‘raiz’ é duplamente feliz neste contexto – conquanto possamos servir-nos dessa imagem fasciculada e penetrante, que lembra, ademais, o sistema circulatório no que ele tem de mais afilado: os capilares sanguíneos. A Voz Interior quer ser um desses capilares que levam nutrientes e oxigénio onde estes quase não chegam, trazendo daí o produto de um metabolismo microscópico. Reforçamos a ideia de que não nos bastou habitar e ocupar este lugar – este tamanho – sete anos de associação (muitos erros, muitas falhas, indecisões, desistências, falsos deslumbres) serviram-nos de aprendizagem e deram-nos a segurança de avançar para um projecto que beneficia não (só) da nossa presença e continuidade aqui, mas sobretudo da nossa abertura e entendimento crescentes do contexto e da circunstância do lugar e das gentes, da nossa relação com estes elementos e da possibilidade de sermos veículo entre realidades endógenas e exógenas. Sendo o Universo vário & transdisciplinar, também o eixo cardeal da nossa programação convoca e faz cruzar diferente expressões, das quais se destacam a palavra, o texto e a performance poéticas, a(s) música(s) e as imagens fílmicas. Damos também ênfase às questões da saúde mental, à investigação e educação artística, articulando tudo entre si num projecto de continuidade e cariz interseccional. A Casa de Gigante (sede da associação) acolhe artistas em residências de curta ou longa duração. O propósito destes acolhimentos é o de colocar em contacto artistas e comunidades locais ao ponto de confundir os de dentro com os de fora, todos ajudando a tornar audível a Voz Interior. A Voz é uníssona, polifónica, rumor de muitos tons e gargantas, colectiva, gregária. É uma Voz que diz – e que faz o que diz e canta o que faz – mas é sobretudo, e primeiro, uma Voz que escuta.

O Bar

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As Residências Artisticas

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O Coro de Gigantes

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O Clube de Leitura Ecológica

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