Criada em 2016 por Catarina Barros e Miguel Manso, migrados desde Lisboa, a Associação tem vindo a desenvolver um trabalho cultural diversificado, com o qual tem pretendido contribuir para o desenvolvimento do território em que se insere. Recebeu já dezenas de artistas, portugueses e estrangeiros, em criação (escritores, cineastas, actores e dramaturgos, músicos, artistas visuais), organizou exposições e projecções de filmes, criou programas sobre poesia na rádio local, produziu concertos, leituras e recitais, obras cinematográficas, tudo isto a solo ou em colaboração com entidades locais ou municípios da região, entre os quais o da Sertã e o de Vila Velha de Ródão.
A Casa de Gigante – Associação Cultural Mandriões no Vale Fértil quer intensificar a sua acção nos termos em que tem vindo a actuar e, para o efeito, tem levado a cabo um conjunto de procedimentos que visam adaptar todo edifício e anexos para o acolhimento de artistas, espaços de trabalho qualificados, galeria, sala de exposições, de cinema, de reuniões, auditório, café. A par disso, busca desenvolver parcerias, integrar redes regionais, nacionais e internacionais, desenvolver protocolos e captar apoios e financiamento, privados e estatais.
O bar de apoio às actividades da Casa de Gigante foi erguido sobre as ruínas de uma antiga civilização: a taberna dos donos da casa, da qual apenas sobreviveram, empilhados noutro partimento, os mármores do antigo balcão. No Verão de 2023 voltaram a amparar copos e cotovelos e um pano com detergente tornou a deslizar, lesto, sobre as nódoas. Nas paredes do estabelecimento vão sendo emoldurados os cartazes das actividades que a associação organiza e alguns expositores dão a ver o catálogo dos livros (e material conexo) que também publicamos. No Verão há esplanada, no Inverno salamandra. E num e noutro: música e poesia – ao vivo ou gravada. Excepto para os livros – e alguns, poucos, ingressos – não fazemos preço: “os artigos expostos são passíveis de troca mediante donativo”.
As residências artísticas na Casa de Gigante funcionam em diferentes moldes. Às vezes, é a Associação quem convida, outras, são os artistas quem nos pede para ficar. Neste último caso chamamos de “residências espontâneas”, cobramos um valor simbólico ou trocamos por uma apresentação à comunidade do trabalho em curso. A Casa tem 7 quartos, cozinha partilhada, salas de trabalho e de ensaio, Internet. Em volta, silêncio, jardim, floresta e ribeiras. Estamos a 8 kms da vila da Sertã e no lugar de Vale do Pereiro não há cafés, mercado, comércio de qualquer tipo. O único chinfrim é o dos galináceos, o ladrar dos cães, a motorizada que sempre passa na estrada nacional. Se está interessada/o em fazer uma residência artística na Casa de Gigante, escreva-nos pedindo mais informações e informando-nos do trabalho que quer realizar e em que período de tempo.
O Coro de Gigantes, com direcção artística de Joana Rios, foi criado e ensaia regularmente desde o início de 2024. É aberto à participação de quem, mesmo não sabendo cantar, reconhece a importância de o fazer em grupo. Os ensaios são ao mesmo tempo momentos de formação musical básica e encontro comunitário de alto valor gregário. Descontraídos, divertidos até, terminam geralmente com uma refeição partilhada. Os seus membros são pessoas da comunidade local ou que vêm de mais longe no território, incluindo estrangeiros; a amplitude de idades é vária, bem como a diversidade étnica. Além dos ensaios, o Coro de Gigantes já actuou ao vivo em eventos públicos de diferentes dimensões: no auditório da Casa da Cultura da Sertã; em colectividades ou cafés do concelho. Organiza regularmente – com a intenção de recrutar – ensaios abertos em espaços e circunstâncias improváveis.
O Clube de Leitura Ecologista faz parte da programação regular do Serviço Educativo, aka Breve Curso de Escutatória. A premissa deste clube é a de ler e discutir em grupo obras literárias, ensaísticas, filosóficas ou científicas, olhando as do ponto de vista dos estudos e práticas ecologistas, mas forçando os limites do conceito base. Sendo possível, por isso, entrar por todos os géneros – romance, poesia, teatro, artes visuais, jornalismo, biografia, etc – e dessa forma erigir um acervo teórico que dê respaldo a uma prática radical – anticolonial, progressista – comprometida com o que vive ou sobrevive neste planeta.